Situada em plena Raia Seca, no chamado “Outeiro da Almena”, na freguesia de Randín, emergem monumentalmente os vestígios de uma fortaleza que serviu de cabeceira das “Terras da Piconha”, defendendo o próprio Couto Misto. Atualmente, apenas os pilares e a cisterna do que outrora deve ter sido um verdadeiro conjunto defensivo permanecem visíveis.

Estrategicamente localizado, a 932 metros de altitude, encontrava-se este antigo castelo que era propriedade de Portugal. Além de defender o Couto Misto, a partir daí controlavam a vila de Tourém e o Caminho Privilegiado que os ligava.

Mandado construir por Afonso III de Leão (século X), foi Sancho I de Portugal quem concedeu foro a San Paio de Picoña, com a categoria de vila. A fortaleza foi destruída por Castela no século XIV, mas logo seria reconstruída por João de Portugal, e doada a D. Afonso, futuro Duque de Bragança. Destruída novamente na Guerra da Restauração Portuguesa (século XVII). Já em 1864, graças ao Tratado de Lisboa, o Couto Misto e o termo de Piconha passaram para o lado espanhol da história.

Sabemos desde o século XVI (documento encomendado por D. Manuel de Portugal) que, no desenho dos 56 castelos portugueses, surge esta fortaleza, com uma torre de homenagem e uma ponte de madeira apoiada na rocha da serra, como acesso.

Recentemente, a Câmara Municipal de Calvos de Randín e a Associação do Couto Misto promoveram o projeto de recuperação e valorização dos recursos do Couto Mixto e ambiente, focando sobretudo no património arqueológico medieval e no sítio da Piconha, catalogando, adaptando e identificando tudo o relacionado ao território onde se estabeleceu. Procedeu-se também à delimitação dos vestígios e dos diferentes setores do castelo (salas, escadas, cisterna); à identificação das gravuras rupestres, dos restos de olaria, de uma moeda (séculos XIII-XIV) e até uma ponta de besta.