Rebanhos de lobos, muito presentes desde a antiguidade nas montanhas, foram perdendo membros durante o século XX até se tornarem ameaçados de extinção. São conhecidos como Foxos (fossos) do Lobo pelas armadilhas tradicionais, com séculos de história, usadas pelos nativos para caçar este animal totémico para as culturas agrícolas. No noroeste da península existem mais de 200 fossos, que vão desde buracos no solo cobertos de vegetação até estruturas complexas com centenas de metros de paredes que se vão estreitando. Neste caso, o de Guende tem até 200 metros de perímetro e dois metros de altura na parede.

Em 2018 a Câmara Municipal de Lobios iniciou os trabalhos de recuperação e reconstrução, procurando também compreender este tipo de prática. Para chegar a este Foxo, foi marcado um percurso pedestre de 8 km, a partir da própria aldeia, com imagens criadas pelo artista Toño Monteiro e painéis informativos (com figuras de lobos) que proporcionam aos visitantes uma visão dos principais recursos patrimoniais da zona. Tudo isso está localizado no coração do Parque Natural da Baixa Limia – Serra do Xurés, e da Reserva da Biosfera Gerês-Xurés (RBTGX).

A armadilha do lobo de Guende foi chamada de “armadilha da cabra”, referindo-se à presa usada para atrair o predador. Depois de colocar a cabra dentro do círculo, o lobo saltava por uma rampa para pegá-la, mas não conseguia sair devido aos 3 metros da parede situados atrás dele. A recuperação destes fossos faz parte de um projeto transfronteiriço europeu Interreg que incluiu mais 6 fossos do lado português.